BioImpacte+

O BioImpacte+, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) em parceria com a consultora BioInsight, pretende identificar e potenciar as oportunidades que o setor das energias renováveis, em particular as centrais solares fotovoltaicas, oferece à conservação da biodiversidade e ao desenvolvimento sustentável dos territórios. Através da realização de sessões colaborativas com atores locais, o projeto pretende construir soluções práticas que integrem a biodiversidade como eixo estruturante dos projetos de energia.

 

A primeira sessão do projeto aconteceu a 24 de junho de 2025 em Monforte, com o apoio da produtora de energias renováveis Akuo Renováveis Portugal. O evento contou ainda com o envolvimento direto da Câmara Municipal de Monforte, que foi também entidade anfitriã, e com a participação da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), reunindo ainda diversos intervenientes locais com o objetivo de debater e promover a valorização da biodiversidade no contexto das centrais solares fotovoltaicas.

 

Esta primeira sessão em Monforte marcou o arranque de um ciclo de encontros locais que procuram tornar visíveis as mais-valias ambientais, sociais e económicas dos projetos de energias renováveis, promovendo a aceitação social e o desenvolvimento sustentável dos territórios. O caso em estudo foi a Central Solar Fotovoltaica de Santas, propriedade da Akuo, que foi inaugurada em setembro de 2024. A central, instalada nos concelhos de Monforte e Borba, com ligação a Estremoz, conta com uma potência instalada de 180 MWp e 330 mil painéis solares fotovoltaicos, que permite abastecer anualmente o equivalente a 100 mil famílias.

 

A sessão colaborativa iniciou-se com uma intervenção do Presidente da Câmara Municipal de Monforte, Gonçalo Lagem. Seguiu-se a apresentação do projeto BioImpacte+, que esteve a cargo de Susana Serôdio (Coordenadora de Políticas e Inteligência de Mercado da APREN). Miguel Mascarenhas (CEO da Bioinsight) falou em seguida sobre boas práticas no desenvolvimento de centros electroprodutores que permitam gerar ganhos líquidos para a biodiversidade.

 

A agenda do evento focou-se em seguida em Monforte, com testemunhos de Miguel Luz (Diretor de Desenvolvimento da Akuo Renováveis Portugal) e de Sofia Pinto (CEO da Natursitta, responsável pelo acompanhamento ambiental da central de Santas), que explicaram detalhadamente de que forma a instalação esta central solar fotovoltaica, mais do que minimizar impactos, criou um ecossistema natural mais rico do que o existente.

 

Susana Serôdio moderou em seguida um debate sobre o tema, que contou com Gonçalo Lagem (Presidente da Câmara Municipal de Monforte), Maria do Carmo Figueira (Diretora do Departamento de Avaliação Ambiental da Agência Portuguesa do Ambiente – APA), Miguel Mascarenhas (CEO da Bioinsight), Nelson Luís (Deputy CEO da Akuo Renováveis Portugal) e Pedro Amaral Jorge (CEO da APREN).

 

Na sua intervenção, o Presidente da Câmara Municipal de Monforte foi claro quanto à importância dos projetos renováveis para a comunidade local, pelo seu impacto positivo na economia do concelho e pela criação de oportunidades de trabalho nos concelhos do interior, muito afetados pela desertificação, a par da valorização da biodiversidade que muitos dos projetos envolvem.

 

O Presidente da Direção da APREN, Pedro Amaral Jorge, focou-se também neste último ponto: “A valorização da biodiversidade é já parte integrante dos projetos de energias renováveis, nomeadamente dos solares fotovoltaicos, com os promotores renováveis a gerar impactos positivos e a criar ecossistemas mais ricos do que aqueles que encontrou. Este projeto pretende, precisamente, mostrar essas boas práticas, aproximar essa realidade das pessoas e combater a muita desinformação que tem circulado nos últimos anos sobre este tema tão central para a sociedade”.

 

Miguel Mascarenhas, CEO da Bioinsight, destacou que “As diretivas europeias e a legislação nacional são claras: é importante estarmos todos comprometidos com a preservação da biodiversidade. O verdadeiro desafio agora são as pessoas e a mudança de comportamentos. Precisamos mudar mentalidades e, em processos como o licenciamento ambiental, focar-nos em que os projetos ao serem desenvolvidos gerem impactes positivos para a natureza. Está nas nossas mãos transformar o aparente conflito em potencial de regeneração ecológica”.

 

Acrescenta Nelson Luís, Deputy CEO da Akuo Renováveis Portugal, que “A Central Solar Fotovoltaica de Santas é um exemplo concreto de como estes projetos podem ir muito para além da produção de energia limpa, ao assumirem um compromisso real com a criação de um ecossistema mais rico e integrado na comunidade local. O diálogo contínuo com as populações tem sido fundamental para assegurar que os benefícios são sentidos de forma direta e duradoura, seja através da valorização da biodiversidade, da criação de oportunidades ou da implementação de soluções inovadoras como os projetos agrivoltaicos, que demonstram a nossa capacidade de adaptação e a ambição de superar o que é legalmente exigido.".

 

O projeto BioImpacte+ segue agora para novos municípios, promovendo uma abordagem de proximidade com as comunidades locais e construção conjunta de conhecimento. Numa segunda fase, os contributos recolhidos ao longo destas sessões colaborativas serão sistematizados e consolidados na criação de um modelo-base de desenvolvimento de centrais solares fotovoltaicas, no qual a biodiversidade assume um papel central enquanto pilar estruturante da sustentabilidade ambiental, social e económica dos territórios.