Fevereiro 2021 - Mensagem do Presidente

Chegados a fevereiro, não posso deixar de dar uma nota de pesar pelas semanas complicadas que todos temos vivido. A pandemia evoluiu de forma contrária àquilo que todos nós desejávamos, e o país viu-se obrigado a fechar de novo, com todas as negativas implicações associadas. A APREN deixa uma palavra de alento e solidariedade aos pacientes de COVID-19 e às suas famílias, e uma palavra de pesar e condolências às famílias das vítimas mortais, bem como votos de coragem e resiliência a todos os cidadãos na luta diária contra esta pandemia.

 

Apesar de todas as restrições, e com as devidas adaptações, o setor das renováveis continua a marcar pontos na agenda pública e a mostrar que é simultaneamente possível combater as alterações climáticas e apostar no crescimento e desenvolvimento da economia nacional, como aliás tive oportunidade de referir num artigo de opinião que escrevi para o Observador há umas semanas.

 

Sobre isso, destaco o evento “Redesigning wind for the next era”, uma joint venture da APREN com a WIBIS (Wind Energy and Biodiversity Summit), um ciclo global de conferências, onde especialistas locais e internacionais discutem as práticas mais sustentáveis relacionadas com a energia eólica e a biodiversidade.

 

Este evento, que teve lugar nos passados dias 27 e 28 de janeiro e que teve a cooperação técnica do INEGI, abordou os diferentes vetores de desenvolvimento do setor eólico que melhor contribuem para os objetivos e metas nacionais de 2030, tendo contado com a participação de vários especialistas nacionais e internacionais, em debates sobre os desafios passados e futuros da energia eólica, tanto ao nível do licenciamento ambiental, como do crescimento económico dos vários elos da cadeia de valor da indústria e stakeholders do setor.

 

Por força das circunstâncias, este evento foi totalmente remoto, com todos os seus intervenientes a darem as suas posições e perspetivas para o setor eólico a partir de suas casas, um formato a que já nos vamos habituando e tão necessário para mitigar eventuais riscos de contágio e promover a segurança sanitária de todos.

 

Falámos de temas Europeus, Ibéricos e Nacionais e de todos os elos da cadeia de valor do setor eólico, bem como das diferentes formas de incrementar a potência eólica na sua incontornável contribuição para a Transição Energética rumo à neutralidade climática. Abordámos também a cooperação Ibérica, com o objetivo de tornar a Península Ibérica num polo atrativo para as pessoas e empresas, com a sua incorporação de 75% de renováveis na Produção de Electricidade em 2030.

 

Percebemos também que os preços baixos de eletricidade que estão a ser alcançados na Península Ibérica, resultantes dos leilões de energia eólica e solar fotovoltaica, estão a criar as condições para a Portugal e Espanha poderem vir a tornar-se numa power house para exportação de eletricidade e hidrogénio verde, bem como atrair indústrias eletrointensivas para investimentos em Portugal.

 

Relembrámos a eventual necessidade de definir novas metas de potência, resultantes da meta europeia de redução de emissões para 2030 ter passado de 40% para 55%, e o seu impacto nos Planos Nacionais de Energia e Clima para que contemplem esta grande alteração.

 

Falámos da contribuição do setor eólico para a produção de hidrogénio verde, e da necessidade de projetos híbridos para atingir fatores de carga adequados na utilização anual dos eletrolisadores. Abordámos também os diferentes mercados de eletricidade ibéricos e como os electroprodutores se podem posicionar de uma forma mais ampla e abrangente, oferecendo energia e serviços de sistema.

 

Terminámos com as perspetivas para o setor eólico em Portugal para os próximos 10 anos com a visão de algumas das principais empresas do sector de geração de eletricidade renovável.

 

Aqui chegados, ficam os agradecimentos a todos os participantes – a audiência que nos ouviu e os vários moderadores e oradores que participaram ao longo de dias e nos brindaram com intervenções de grande qualidade. Um agradecimento especial também ao Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba, e ao Sr. Ministro do Ambiente e Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, que tiveram também intervenções muito interessantes para o setor eólico e para o mundo das renováveis no geral.

 

Numa nota final, ressalvo, mais uma vez, a importância deste tipo de eventos para a partilha de conhecimento e experiências. De facto, o caminho rumo à neutralidade climática não deve ser solitário; devemos, mais que nunca, promover a discussão e o debate entre todos os intervenientes do setor, independentemente da sua esfera de atuação, pois só assim conseguiremos cumprir as metas que estabelecemos a nível europeu e nacional e ambicionar construir uma economia sustentável, mas competitiva.

 

Portugal precisa da nossa energia!